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As favelas onde o EDUMAIS TRABALHA

O Rio de Janeiro – também conhecido como cidade maravilhosa – é uma das cidades mais bonitas do planeta. Suas inúmeras atrações incluem praias mundialmente conhecidas, o Carnaval, a estátua do Cristo Redentor, o Pão de açúcar e muitas outras. Tudo isso forma a fotografia perfeita de um cartão postal composto pelos 4 pilares da vida no Rio: sol, areia, samba e futebol.

No entanto, este é apenas um lado da história. Para muitos habitantes da cidade, esta imagem paradisíaca não poderia estar mais distante dos desafios que eles enfrentam em suas realidades diárias.

Apesar de ser difícil determinar o número exato, cerca de 2 milhões de pessoas, ou seja, cerca de 20% da população do Rio de Janeiro, moram em 1000 bairros espalhados pela cidade, conhecidos como “favelas”. Estas são instalações caracterizadas por habitações irregulares e de baixa qualidade, acesso limitado aos serviços públicos, alta densidade demográfica e direitos de propriedade precários.

Edumais trabalha em duas dessas favelas: Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, conhecidos, coletivamente, como PPG. Localizadas entre Copacabana e Ipanema, essas comunidades realçam a dramática desigualdade social e econômica que existe na Zona Sul do Rio de Janeiro.

De acordo com o censo de 2010, o montante da população inteira da PPG seria um pouco acima de 10.000 habitantes. Entretanto, devido a dificuldades enfrentadas para realizar o censo na favela, a população dessa área tende a ser, na realidade, o dobro desse número.

Mais de 4.000 crianças e adolescentes fazem parte dessa provável estatística de 20.000 pessoas. Dessas pessoas:

  • Cerca de 50% vivem em situação de pobreza;
  • 14% correm o risco de abandonar o colégio;
  • 6.2% são crianças que não vão à escola ;

Apesar de a UPP ter pacificado o Pavão-Pavãozinho e Cantagalo em 2009, essas pessoas jovens ainda enfrentam desafios diários, tais como violência relacionada ao tráfico de drogas, pobreza, abuso sexual, insegurança alimentar e instabilidade doméstica.

Acreditamos que todos esses jovens, assim como os seus vizinhos mais ricos, têm o mesmo direito de ter acesso a uma boa educação e a uma vida pacífica. A missão do Edumais, assim, é fornecer ferramentas e habilidades para esses jovens possam construir um futuro melhor.

Pavão-Pavãozinho and Cantagalo Favelas where EduMais works
Pavão-Pavãozinho and Cantagalo Favelas close up showing tightly packed housing

O que há em um nome? FAVELA

Muitas pessoas traduzem o nome “favela” para “slum” em inglês. No entanto, isso é muito problemático. Conforme Alan Mayne argumenta que a palavra “slum” tem um peso muito forte no imaginário popular, e uma vez que você a emprega, você fica preso em construções que não podem ser reduzidas. Tanto “favela” quanto “slum” são, de acordo com Mayne, “palavras-gatilho empregadas para incitar uma resposta particular”. Elas, imediatamente, criam e definem esses espaços como indesejáveis.

No caso das favelas do Rio, os retratos negativos da mídia costumam destacar uma longa lista de defeitos das favelas: violência, pobreza, desemprego, vício em drogas, corrupção, gravidez na adolescência, famílias disfuncionais e serviços públicos inadequados. Como consequência, os moradores da favela costumam sofrer estigmatização social e preconceito.

Com o objetivo de evitar as conotações negativas do termo “favela”,  alguns moradores preferem utilizar termos como “morro” e “comunidade”. Há, no entanto, um forte argumento em favor do uso do termo “favela”. O gênero musical, funk do Rio, por exemplo, contém diversos casos de residentes das comunidades que tentam valorizar novamente o termo “favela”.

Esse é um argumento complexo que merece atenção dos dois lados. No EduMais, costumamos seguir o conselho, de uma ONG local envolvida na defesa dos direitos das favelas, Catalytic Communities, de chamá-las de “favelas“.

Independente do nome utilizado, o mais importante é reconhecer que nas favelas “necessidades e deficiências são reais, mas não são a realidade inteira”. As pessoas nas favelas têm problemas, mas elas não são o problema”(Perlman p.ix). Infelizmente, ainda há um longo caminho pela frente para transformar essa visão em realidade.

Mídia, violência e estigmatização: O QUE OS ALUNOS DO EDUMAIS TENTAM LUTAR CONTRA

As favelas vêm sofrendo estigmatização desde quando começaram a surgir no Rio de Janeiro, no final do século XIX. Além disso foram necessários cerca de 100 anos para que as favelas aparecessem nos mapas oficiais da cidade. Até mesmo o primeiro reconhecimento jurídico das favelas não foi tão agradável, elas eram chamadas de “aberrações”.

Desde a década de 1980, essa imagem só piorou. Devido à decisão do governador Leonel Brizola de proibir a entrada de policiais nas favelas no meio da década, um tipo diferente de poder tomou o controle: o tráfico de drogas. A violência decorrente do conflito entre as diferentes facções continua até hoje. Infelizmente, esta é a primeira coisa que as pessoas pensam quando escutam a palavra “favela”.

Ademais, isso não é verdade somente no Brasil. O famoso filme, Cidade de Deus, por exemplo, tornou essa narrativa mundial no ano de 2002. Uma parte do jogo virtual de tiros “Call of Duty: Modern Warfare 2 (2009) também é baseada no Rio. Na verdade, Pavão-Pavãozinho e Cantagalo serviram de modelo para a favela do jogo.

Há, ainda, um problema com relação a esses retratos de violência constante, especialmente por parte da mídia de notícias brasileira. Apesar de serem narrativas fortes, elas nunca são reducionistas. Elas produzem uma imagem distorcida da realidade da vida na favela, ignorando os seus outros lados. Elas não conseguem capturar a alegria e o sorriso que persistem em meio às lágrimas e à morte.

Na realidade, a cobertura da mídia sobre as favelas só serve para aumentar uma aprovação pública para uma resposta mais pesada por parte da polícia, perpetuando, assim, o ciclo de violência. Em 2018, as mortes por parte da polícia do Rio aumentaram em cerca de 35%. Alguma coisa tem de mudar.

Superando o estigma: O PAPEL DO EDUMAIS EM MUDAR ESSA NARATIVA

As favelas e os seus moradores têm muito mais a oferecer do que a narrativa da mídia quer que você acredite. Na verdade, em muitos sentidos, elas são o verdadeiro coração pulsante do Rio de Janeiro. Fenômenos culturais como o samba e o funk do Rio têm sua origem nessas comunidades.

Essa é a razão pela qual Larry Rorther estava errado ao afirmar que “O Rio é, na verdade, duas cidades bem distintas.“. O morro e o asfalto estão, na realidade, profundamente conectados. Os apartamentos dos bairros ricos da cidade foram construídos por mãos da favela. Os ritmos musicais que invadem a cidade foram elaborados por mentes da favela.

Sem as favelas, o Rio não existiria. Elas não são o lado sombrio da cidade, mas, sim, uma parte integral de sua história. Conforme Perlman assevera, talvez “a única diferença persistente entre as favelas e o resto da cidade seja o estigma enraizado que adere a eles e aqueles que ainda habitam neste mesmo estigma.”.

Recentemente, esse estigma impactou negativamente os moradores da favela, particularmente, os mais jovens. A mistura entre baixos níveis educacionais e preconceito social significa que eles ainda estão enfrentando uma batalha difícil. A narrativa de pobreza, de inferioridade e de violência continua a se perpetuar.

Pessoas jovens das favelas, geralmente, têm de decidir entre a morte por “estar fora da escola/estar fora do trabalho” ou a morte por “baixa expectativa de vida para aqueles envolvidos no tráfico. Isso, na verdade, não é escolha alguma.

Edumais tem como objetivo ajudar essas pessoas jovens a mudarem as suas narrativas. Elas são talentosas, vívidas, inteligentes e merecem ter a oportunidade de alcançar o seu potencial. Ao aumentar o seu acesso à educação, estamos criando oportunidades para que eles tracem um caminho melhor para eles mesmos no futuro.

No entanto, para continuar a oferecer melhores oportunidades na vida de nossos alunos, precisamos da ajuda de vocês!

Mas para continuar a dar aos estudantes as melhores oportunidades,
nós precisamos da sua ajuda!

 

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